quinta-feira, outubro 23, 2003

Deus telefonou-me uma destas manhãs. Foi o nome dEle que iluminou o écrãn do meu telemovel. A Sua voz era cavernosa e como seria de esperar de uma entidade omnisciente, sabia que me tinha acordado.

domingo, outubro 19, 2003

7.º dia
-Descobri hoje que afinal o almoço tinha sido marcado para a minha casa. Apareceram 356 pessoas (trabalham aqui 23). Eu só tinha 2 ovos.
-O trabalho até não correu mal hoje (também, com os pulsos fracturados é um pouco difícil fazer alguma coisa).
-O meu novo chefe (o antigo foi preso preventivamente depois de subtilmente ter tentado introduzir um engenho explosivo de alta potência e com controlo à distância dentro do sapato do administrador) informou-me hoje que afinal só vou poder gozar alguma folga depois do euro 2004.
-Acho que vou desistir deste diário.

sábado, outubro 18, 2003

6.º dia
-cansaço, muito f. depois eu fal o - amanhã ainfa fenho que vir aqui.
-hoje fartei -m de tbarahlar. Muito trbarlaho muito tlabarho miuto...
-nõa psoso mais
-12
-o me u é o azul- sim, eu faço já.

sexta-feira, outubro 17, 2003

5.º dia
-Hoje para poupar algum dinheiro, decidi ir almoçar à cantina aqui do escritório. Acho que apanhei uma intoxicação alimentar, pelo menos isso explicaria a cor actual da minha pele e os dedos extra nas minhas mãos.
-O administrador veio cá hoje congratular-nos a todos pelo nosso "excelente trabalho", todos achámos que se tratou de um gesto bastante simpático, até o pessoal dos dois pisos por cima de nós, que infelizmente foi despedido na mesma ocasião.
-Vomitei em cima do G.
-Ainda faltam 2 dias até às minhas folgas e comecei a ter problemas em adormecer. No entanto não vou entrar já em pânico, é que bem vistas as coisas, o nível de ruído aqui também não é para brincadeiras.
-Vomitei em cima da L.

quinta-feira, outubro 16, 2003

4.º dia
-Hoje demorei 3 horas para estacionar. E quando finalmente o consegui, fi-lo em cima de um daqueles tipos de verde da Emel ("foi a única coisa de positivo que fizeste este ano", disse-me mais tarde a minha consciência).
-Como já esperava, a paciência e a tolerância, tão características em mim, começam progressivamente a dar de frosques.
-Alguém anda a fazer telefonemas ofegantes para a extensão da K. O namorado dela, o X., veio cá hoje falar connosco. Fiquei magoado com o facto de ninguém acreditar que eu tenho mesmo asma...
-O trabalho pelo menos corre bem, apesar dos monitores, que agora não funcionam mesmo.

quarta-feira, outubro 15, 2003

3.º dia:
-Hoje todos os meus colegas menos um faltaram por motivo de doença, pelo que todo o trabalho sobrou para mim.
-O único que apareceu foi o sr. A., que decidiu ligar o rádio para animar o escritório. Só é pena que seja surdo e não tenha reparado que o aparelho estava sintonizado na "rádio clínica", frequência que durante todo o dia rasgou a atmosfera com a "patologia e cura da hemorróida".
-A meio da tarde os monitores tailandeses deram o berro e passaram realmente a transmitir tudo em tailandês.
-Comecei a notar alguns tremores nas mãos e o sr. A. disse-me que gostava mesmo muito de amendoins, mais até do que seria catolicamente aceitável.
-Hoje não vou dar boleia ao sr. A.

terça-feira, outubro 14, 2003

Esta semana tal como em algumas outras, vou trabalhar 7 dias. Neste momento decorre o 2.º desses 7.
Vou iniciar aqui e agora (com 1 dia de atraso) um diário cujo interesse filosófico-científico possa por muitos anos rivalizar com os mais consagrados estudos alguma vez realizados a propósito das relações laborais (como por exemplo aqueles publicados por Karl Marx ou Scott Adams).

1.º dia: Como já disse, esqueci-me de começar este diário ontem, mas acho que não é muito grave uma vez que também não aconteceu nada de especial.
-O pessoal aqui da sala combinou uma almoçarada para domingo. Eu levo a minha especialidade: ovos "scrambled".

2.º dia:
-Como sempre, passei o dia todo a olhar para um monitor fabricado na Tailândia.
-O meu chefe pediu-me 8 vezes para lhe ir buscar café. Mesmo depois de a máquina ter avariado, também tive que lhe emprestar dinheiro para o táxi (ele mora no Bombarral).
-O dinheiro para este mês vai dar à justa.
-Ainda não houve sinal das minhas terríveis dores de cabeça, nem sequer das vozes. Acho que estou curado.
-A K. é a rapariga mais gira aqui do trabalho. Hoje tive uma oportunidade de a convidar para jantar, mas o elevador chegou ao 20.º piso e ela saiu, descontactando o seu salto alto do meu dedo grande do pé direito (aquele da unha encravada).

domingo, outubro 05, 2003

Será possível imaginar um mundo em paz?
Sem ódios ou invejas a separar os povos? Um mundo despoluído de arrogância, de ignorância e de tunas? Será possível fazê-lo sem plagiar John Lennon? E se não for, poderemos ser processados? E o julgamento, será rápido? E o Eusébio, terá marcado aqueles golos todos mesmo? E se o fez, será que foi de propósito?

sábado, outubro 04, 2003

Veneza, também conhecida pelo mundo como a Aveiro italiana, tem um encanto que nem simpáticas senhoras idosas com uma congestão tripla sentadas ao nosso lado conseguem quebrar. O chão fica um pouco menos limpo, ou não fossem as suas golfadas de um tom púrpura bem vivo.
Os italianos são uns tipos estranhos. Até podemos passar com o carro por cima deles e das suas scooters o número de vezes que for preciso para os deixar feitos numa papa, que nem por isso perdem a compostura, mas tentem dirigir algum comentário menos simpático ao gel que usam no cabelo que vão ver!
É já exemplo deste temperamento e desta preocupação com a imagem, o sucedido a Nero, minutos antes do ateamento do devastador incêndio de Roma: um seu general ter-se-á recusado a emprestar-lhe um bâton com brilhantezinhos que era o sucesso de qualquer orgia.

quarta-feira, outubro 01, 2003

Se não contarmos com aquele leitor em Berlim, este blog passa perfeitamente despercebido. Obrigado, Manel.
Olha, o carro que aluguei acabou por estar envolvido em 13 acidentes rodoviários e 1 capotanço num parque de estacionamento. Como podes concluir de uma forma muito fácil, o tom da minha voz subiu algumas oitavas, aí umas trezentas.